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Mulheres, após virarem mães, vão mais ou menos a atividades culturais?

Quem tem um bebê em casa responde a essa pergunta rapidamente: claro que elas vão menos. Mas e depois que as crianças crescem? A enxurrada de filmes infantis nas férias escolares, a profusão de peças de Chapeuzinho Vermelho, os musicais, a leitura de livros de Monteiro Lobato, os museus histórico-científicos, as matinês de Carnaval, o circo — isso não levaria as mães a irem mais, ainda que levadas pelos filhos?

As pesquisas de hábitos culturais da JLeiva Cultura & Esporte têm se debruçado sobre o tema há alguns anos. É possível comparar a frequência de mulheres a programas como ir a cinema e shows, assistir a um espetáculo de dança ou a um concerto. Os dados permitem não só verificar as diferenças entre mulheres com e sem filhos, mas também entre elas e os homens nas mesmas situações.

Aqui vamos trazer os números de nossa pesquisa mais recente, Cultura nas Capitais, que em 2017 ouviu 10.630 pessoas em 12 das maiores cidades brasileiras. Trata-se do mais amplo levantamento desse tipo já feito no país.

Quem tem filho vai menos

Sim, o “fator F”, como às vezes é chamado, tem influência. Em todas as atividades, a proporção de pessoas que foram ou praticaram é maior entre quem não tem filhos do que entre os que têm — a exceção é circo.

Em alguns casos, a diferença fica em torno de 20 pontos percentuais, como cinema (54% das pessoas que têm filhos foram ao menos uma vez nos 12 meses anteriores à pesquisa, contra 76% entre as que não têm filhos) e shows (39% e 58%). Para biblioteca e videogame a diferença também é expressiva, mas está mais ligada à faixa etária do que a ter ou não uma criança para cuidar.

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Impacto é maior para as mulheres

Se para os dois sexos a vinda dos filhos influencia negativamente a frequência a atividades culturais, para as mulheres o efeito é mais pesado. Comparando-se homens com e sem filhos, vê-se que em dois casos os primeiros vão um pouco mais que os segundos: a feiras de artesanato (39% entre os que têm filho, 38% entre os que não têm) e ao circo (21% e 18%).

Além disso, entre não pais e pais a diferença é maior que 15 pontos em três situações:
- jogar videogames (72% e 46%)
- ir a biblioteca (50% e 30%)
- ir ao cinema (76% e 55%)

Entre as mulheres não mães e mães esse fosso é novamente maior que 15 pontos em
- jogar videogames (59% e 40%)
- ir a biblioteca (50% e 27%)
- ir ao cinema (77% e 54%)
- ir a shows (56% e 35%),
- ir a museus (39% e 23%) e;
- ir ao teatro (40% e 24%).

No gráfico abaixo, pode-se verificar que há quase sempre uma escada: os menores degraus são os das mães, seguidas dos pais e depois de mulheres e homens sem filhos. “Quando casa, e principalmente quando tem filhos, a mulher passa a sofrer muito mais com a dupla ou tripla jornada: além de trabalhar, dedica um número maior de horas à casa e ao cuidado com as crianças”, comenta a coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas da JLeiva, Carina Shimizu.

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